Na zona sul também está prevista a construção de dois túneis, com duas pistas cada, sob a Avenida Domingos de Morais, interligando as Avenidas Ricardo Jafet, no Ipiranga, e Sena Madureira, na Vila Mariana. Ao contrário do projeto na zona norte, o Complexo Viário Sena Madureira deverá desapropriar “habitações irregulares” e três “áreas públicas” (praças), segundo estudo de impacto ambiental (EIA-Rima) da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente.
Cerca de 50 famílias que ocupam de maneira irregular dois terrenos da AES Eletropaulo, nas Ruas Souza Ramos e São Gilberto, serão desapropriadas. “Alguns moradores já foram avisados, mas nem todo mundo sabe o que vai acontecer”, conta Leonildo Dimas, de 34 anos, morador da área invadida – cercada de imóveis de alto padrão.
Procurada pela reportagem, a Eletropaulo não respondeu. No documento ambiental, a Prefeitura não menciona para aonde as famílias desapropriadas serão encaminhadas. O EIA-Rima só afirma que, na região, não serão construídos imóveis “de interesse social” para abrigá-los.
Pelas passagens subterrâneas, que juntas terão 990 metros de extensão, deverão trafegar 6 mil carros por hora. Pelo atual traçado, as Praças Adélia Bastos Birkholz e Lasar Segall, na Vila Mariana, e Guté, na Chácara Klabin, sofrerão intervenções.
Praças abandonadas. Moradores ouvidos pela reportagem são favoráveis. “A praça (Lasar Segall) não tem equipamentos de lazer e serve de ponto para os flanelinhas e vendedores ambulantes”, afirma o taxista Evandro Gouveia Jesus, de 56 anos. “A Prefeitura abandonou a Praça (Guté). Virou moradia para moradores de rua”, diz a fisioterapeuta Alessandra Lee, de 26 anos.
Fonte: O Estado de S. Paulo
Essa matéria, como tantas outras, parte informações equivocadas fornecidas pela PMSP, a respeito do túnel Interligação Sena Madureira Imigrantes, já licitado, e ora em fase de obtenção de licença ambiental, com audiência pública marcada para 28/10 próximo futuro, às 18h, será realizada audiência pública no Instituto de Engenharia, Av. Dr Dante Pazzanese, 120 – Vila Mariana São Paulo – SP, 04012-180 – (0xx)11 5574-7766.
E parte de pressuposto errado porque a PMSP alardeia que o projeto viário será feito em áreas públicas, algumas ocupadas por favelas (cf. notícia), mas sem desapropriações. Assim consta, inclusive, do EIA/RIMA (pag. 86), disponível em http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/meio_ambiente/eia__rimaeva/index.php?p=5403
Todavia, levantando dados do traçado oficial que consta da PMSP (anexo), referido túnel importará na desapropriação parcial do condomínio Klabin Residence, com mais de 30 famílias, e casas avaliadas na faixa de R$ 1 milhão de reais, mais outros condomínios nas ruas Sousa Ramos e na Dr. Barros Cruz. Inclusive, há um prédio em obra (Splendor Klabin), no número 168 da R. Dr. Barros Cruz, que estaria na área afetada, e os imóveis ainda estão sendo vendidos.
O EIA-RIMA parece completamente manejado, de modo que não apareçam essas interferências:
1. O estudo informa que a desembocadura do túnel será na rua EMBUAÇU (pag. 12 e 31), quando, na verdade, último o projeto (anexo) demonstra que a desemboque será na viela São Gilberto. Trata-se de uma pequena rua, dividida por um pontilhão de ALTA TENSÃO da Eletropaulo. Acompanhando esse pontilhão, há uma grande extensão de área verde, sequer mencionada no EIA-RIMA.
2. O EIA-RIMA diz, ainda, que o traçado não importará em desapropriações (pág. 86, item 3.2.10). Entretanto, o traçado previsto prevê a interferência na portaria e em pelo menos 16 casas de Klabin Residence, além de outros imóveis situados na R. Dr. Barros Cruz (nºs 168, 170 e 172) e na R. Sousa Ramos.
3. O EIA-RIMA não considera a existência do Klabin Residence, sito à R. Dr. Barros Cruz, 172 (fls. 211). Menciona somente o condomínio de casas da R. Sousa Ramos (Master Klabin). As fotos de fls. 229 mostram os fundos de Klabin Residence, assim tratado como “condomínio residencial de médio Padrão” – e nada mais.
As fotos de fls. 240 são colocadas num ângulo em que Klabin Residence não aparece, só mostrando o muro que acompanha o pontilhão da Eletropaulo.
A foto de fls. 223 não teve como omitir Klabin Residence, mas dá destaque aos “Prédios residenciais localizados na rua Desembargador Aragão, próximo a rua Dr. Barros Cruz que dá acesso à rua Vergueiro” – mas Klabin Residence aparece bem no meio da foto. Fica parecendo que a portaria do Klabin Residence é dos prédios que ficam atrás dele.
Fato é que o projeto da EMURB (anexo) demonstra a interferência em 4 metros de 16 casas do Klabin Residence, o que tornaria tais unidades imprestáveis, o que demandará o exercício do direito de extensão para desapropriação total das mesmas, com mais gastos ao erário público.
Além disso, a desapropriação dessas 16 unidades desvalorizará a totalidade do empreendimento, uma vez que esvaziada em seu conteúdo econômico. Daí porque, a desapropriação deverá atingir a totalidade das 28 casas, hoje avaliadas, cada uma, em R$ 1 milhão de reais – fora as áreas comuns.
4. O projeto não prevê acessibilidade para deficientes, embora o complexo viário venha entrecortar zona residencial, permeada de hospital e escolas.
Vale notar, ainda, que esse projeto foi traçado há muitos anos atrás, antes da existência do Klabin Residence, quando lá só havia um terreno baldio e um drive in. Não por coincidência, Klabin Residence nem aparecia no traçado do projeto. Somente após os moradores tomarem conhecimento do projeto e, tendo mandando os IPTUs para o responsável da SIURB, é que o traçado apontou a existência do condomínio. Foi quando se descobriu a interferência em 4 metros de todas as 16 casas que ficam de um lado do condomínio.
A SIURB prometeu aos moradores a modificação do traçado (http://www.jusbrasil.com.br/noticias/2125385/tunel-da-sena-madureira-nao-deve-desapropriar-conjunto-habitacional) e, logo em seguida, o projeto passou à EMURB, que fará a obra. Mas o traçado atual ainda está errado, pois posiciona Klabin Residence em ângulo equivocado, dando a parecer que só atingiria a portaria, quando, de fato, a foto aérea mostra que pegará a integralidade de umas 7 casas, mais a parcialidade de 9 casas.
Há mais. Tomamos conhecimento de que esse projeto havia sido engavetado anteriormente, porque a equipe técnica de governo anterior verificou a inviabilidade da obra. Isso porque a desembocadura do túnel estaria errada. Não sabemos se esse veto técnico ainda está disponível no CADES, mas pode ser levantado.
O grande problema desse projeto, segundo técnico que já está acompanhando os moradores da região, é que a desembocadura do túnel (4 faixas) se daria na rua São Gilberto (onde fica a linha de alta tensão da Eletropaulo), continuando pela R. Embuaçu, uma rua de 2 faixas, sinuosa e com trechos de estreitamento. Além disso, tanto o emboque como o desemboque importariam em trânsito na frente e nos fundos do hospital SEPACO, dificultando todo o atendimento médico de único hospital existe no Klabin.
Muito mais lógico seria que eventual túnel da Sena Madureira desembocasse direto na Praça Prefeito Fábio Prado, que já tem elevação suficiente para saída de um túnel, e já conta com várias pistas expressas que desembocam na Ricardo Jafet. Sem contar que isso diminuiria o próprio trânsito naquela via.