Violência causa pânico na Vila Mariana

O medo e a preocupação estavam estampados ontem nos rostos de quem mora ou frequenta a Rua França Pinto, na Vila Mariana, na zona sul de SP.

Oito carros foram roubados neste endereço desde 1º de janeiro. No último, anteontem, o universitário Nicholas Marins Prado, de 20 anos, foi morto com um tiro na cabeça.

Moradores reclamam da falta de policiamento e de iluminação. Alguns já mudaram de rotina e prédios se preparam para reforçar a segurança.

Com 1,4 km de extensão, a Rua França Pinto é mais residencial do que comercial. Como vizinhos, a via tem a Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e uma unidade do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo.


Na opinião de comerciantes e moradores, o alto poder aquisitivo de alguns universitários atrai criminosos. “Só tem carrão. E os bandidos não têm cara de bandido, por isso não são abordados pela polícia. Hoje em dia, todo mundo é suspeito”, diz um morador de 43 anos.

O estudante de publicidade da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) esperava um casal de amigos na rua. Ele estava encostado em seu Hyundai i30 quando foi abordado pelo criminoso. O assaltante pediu a chave e deu a volta para entrar no carro. Nesse momento, segundo testemunhas, Prado tentou pegar um pertence pessoal dentro do veículo, e o ladrão atirou e fugiu.

“Ele era um rapaz muito bom. Estava sempre aqui”, disse com os olhos marejados o zelador do prédio do amigo da vítima, que não tem câmeras de segurança. Segundo o zelador, reuniões devem ser realizadas nas próximas semanas para que o sistema de monitoramento seja instalado.



O aumento na violência é sentido pelos moradores da rua desde 2002. Em outubro daquele ano, um segurança do filho do governador Geraldo Alckmin morreu e outro ficou ferido durante tentativa de assalto. No último dia 9 de fevereiro, ladrões levaram um carro com um bebê dentro enquanto os pais se despediam na porta de um prédio.

Veículo e bebê foram encontrados uma hora depois pela PM. “De lá para cá não temos mais sossego. Nem saio à noite porque tenho medo de assalto”, disse uma moradora de 35 anos. Além da violência, outra razão para ela ficar em casa é a falta de iluminação pública e policiamento.

“É um breu à noite e a polícia não passa nunca. Se você quiser achar um policial aqui, às vezes eles ficam tomando café na padaria da esquina”, disse um advogado de 25 anos. Ontem, ele foi visitar os pais que moram na via há seis anos, no mesmo edifício do amigo do jovem assassinado. “Estou muito preocupado com a segurança deles”, emendou.

Investigação

Para tentar chegar ao criminoso, a polícia vai analisar imagens do sistema de segurança de outros prédios da rua. O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Álvaro Batista Camilo, afirmou que amanhã, durante reunião semanal com comandantes dos batalhões, a violência na via deve ser abordada. “Se foi percebido aumento na criminalidade, faremos ações para intensificar o policiamento.”

Procurada, a Secretaria Municipal de Serviços, responsável pelo Departamento de Iluminação Urbana (Ilume), não respondeu até o fechamento desta edição aos questionamentos da reportagem em relação à falta de luz na rua.

Fonte: Jornal da Tarde





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