Volta de templo religioso divide opiniões na Vila Mariana

A novela da reconstrução do templo-sede da igreja Renascer em Cristo, na Avenida Lins de Vasconcelos, 1.108, no bairro Vila Mariana, Zona Sul de SP, ganhou mais um capítulo nesta semana. Na quinta-feira, a obra proibida pela Prefeitura foi novamente bloqueada pela Justiça. Enquanto o prédio que desabou em 2009, matando nove pessoas, continua em ruínas, o assunto divide as opiniões no bairro.

“Não me incomoda em nada. Melhor um lugar de louvor a Deus do que uma casa noturna ou um prostíbulo”, disse o empresário Isaac Pessoa, de 60 anos, que vai ao bairro diariamente porque o filho mora ali. O bancário Ednardo Peixoto, de 44 anos, que mora na Vila Mariana, também não vê problema na volta do templo. “O trânsito não piorava muito e eles não chegavam a incomodar”, disse. O colega de trabalho de Ednardo, Wagner Roberto, de 44 anos, também residente no bairro, é neutro. “Sou indiferente à volta deles”, falou.

Já o projetista Francisco Roldan, de 71 anos, morador da Vila Mariana desde que nasceu, discorda. “Melhor seria se virasse um centro cultural”, falou. Seu filho, o dentista Gerson Roldan, de 44 anos, tem um consultório próximo às ruínas do templo. “Para mim e meus clientes é  um transtorno”, afirmou.

O comércio local é afetado de diversas maneiras pela existência ou não da sede da Renascer. O radialista Fernando Gema, de 40 anos, morador da região, disse que quando o templo foi aberto o comércio local aumentou. “Muitos estabelecimentos já fecharam por causa diminuição de público com o fechamento da igreja”, disse.


O comerciante Norberto Pires, de 66 anos, dono do bar A Juriti, um dos mais tradicionais do bairro, afirmou que o movimento aumentou desde que a Renascer fechou. “Foi uma beleza essa igreja sair. Não tinha onde a minha freguesia parar o carro. Agora tem. O movimento aumentou bem.”



Embargo
Desde que o teto do local desabou, em janeiro de 2009, a igreja vem tentando reconstruir sua sede. Ainda em 2009, a Justiça suspendeu o alvará da Prefeitura que dava a autorização. A Renascer recorreu e havia obtido nova permissão para a reconstrução, mas na última quinta-feira o Ministério Público (MP) conseguiu a manutenção da liminar que proíbe as obras.

Segundo o MP, o empreendimento foi aprovado sem ter sido submetido à análise da Câmara Técnica de Legislação Urbanística. De acordo com o MP, é preciso considerar os impactos ambiental e urbanístico no entorno da obra. Em nota, a igreja informou que ainda vai analisar o caso. “Não existe sentença, nem de primeira nem de segunda instância com relação ao caso”, afirma a nota.

Igreja tem 800 templos e 2 milhões de seguidores
A Igreja Apóstólica Renascer em Cristo, também chamada simplesmente de Renascer, foi fundada em 1986 pelo
casal Estevam e Sônia Hernandes, conhecidos como  apóstolo Estevam e bispa Sônia. A igreja é considerada a segunda maior de denominação neopentecostal no Brasil e, segundo números próprios, tem mais de 800 templos e dois milhões de seguidores.

A Renascer possui uma rede de TV, além de uma gravadora de estilo gospel, uma rede de rádio e uma editora. Também administra a Fundação Renascer, que mantém obras assistenciais.

Líderes religiosos foram presos com dólares nos Estados Unidos
O casal que lidera a Renascer em Cristo foi preso em 2007 nos Estados Unidos por entrar no país com dólares não declarados. O apóstolo Estevam e a bispa Sônia desembarcaram em Miami com US$ 56 mil escondidos em meio a bíblias, mas haviam declarado à alfândega que não carregavam mais de US$ 10 mil. Após pagar fiança de US$ 100 mil, responderam o processo em liberdade.

Fonte: Diário de S. Paulo





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