Uso de jalecos médicos na rua vira piada na Vila Mariana

Quem anda pelo quarteirão formado pelas ruas Pedro de Toledo, Botucatu, Borges Lagoa e Napoleão de Barros, no bairro da Vila Mariana (zona sul de São Paulo), pode notar duas coisas.

A primeira é um pelotão de médicos e estudantes da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) se locomovendo com seus jalecos brancos. A segunda são cartazes criticando a atitude.

“Quer ser contaminado? Abrace alguém de jaleco” e “Atenção aderentes ao uso de jaleco nas ruas: vocês NÃO têm estilo” são algumas das 11 mensagens que começaram a ser coladas em postes há cerca de um mês.

O autor é desconhecido. A revista sãopaulo percorreu o bairro por dois dias tentando localizar algum responsável, sem sucesso. Mas achou gente que concorda com os dizeres.


“Os médicos deveriam dar o exemplo. O jaleco transporta as bactérias do hospital para fora e vice-versa”, disse a aposentada Maria de Fátima Assumpção, 72, moradora do bairro.

O Conselho Regional de Medicina não tem nenhuma regulamentação sobre o jaleco, cuja função é proteger o médico de contaminações.

Quem trabalha na área fica em uma encruzilhada. “Hoje [quarta-feira passada], uma cliente disse para eu mandar as pessoas tirarem os jalecos. Mas eu não posso”, diz William Inocêncio, 22, proprietário de um restaurante na rua Botucatu. O comércio deles mantém um aviso solicitando a retirada da peça perto do bufê.



No restaurante ao lado, garçons tiraram cartazes da rua. “Estava escrito que o jaleco não deixa o café mais gostoso. O cliente poderia achar que nós o colocamos”, diz Igor Zonta, 18, filho dos proprietários.

A polêmica sobre o uso de jalecos fora dos hospitais é antiga. Em Belo Horizonte (MG), a prática é proibida por lei municipal.No bairro de Santa Cecília, no centro, restaurantes próximos à Santa Casa têm cartazes pedindo que os clientes retirem a peça de roupa antes de se servirem.

Quem usa jaleco diz que o hábito não traz riscos. “Se trocar diariamente, não tem problema. O jaleco pode carregar bactérias, mas o sapato que usamos também pode”, afirma o urologista Wilson de Lima, 48, com jaleco, no balcão de uma padaria.

A reportagem tentou ouvir a Unifesp sobre o caso, mas seu porta-voz não estava disponível até o fechamento desta edição.

Oswaldo Luiz Baccan, presidente da Amavm (Associação de Moradores da Vila Mariana) diz que os moradores reclamam da prática há cinco anos e que ele mesmo já questionou a universidade.

PIADA NA REDE

O engenheiro e blogueiro Igor Santos, 30, de Natal (RN), esteve em São Paulo no começo do mês. Após ver tantos jalecos nas ruas, publicou em seu blog (scienceblogs.com.br) camisetas com frases contra a prática. A brincadeira já tem mais de 2.300 recomendações no Facebook.

Fonte: Folha.com





2 Comentários

  1. cecilia nicoláu 10 de junho de 2011
  2. Branco 8 de agosto de 2013

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