Mais contida, Fabiana Cozza lança 3º disco com show na Vila Mariana

Autocrítica e maturidade. São as duas palavras-chave para entender o novo CD de Fabiana Cozza, com o qual a sambista assume estar entrando numa fase mais contida em sua carreira.

Em “Fabiana Cozza”, seu terceiro disco, a cantora deixa de lado os vocais grandiloquentes que caracterizaram seu trabalho até aqui –sobretudo no CD anterior (“Deixa o Céu Clarear”, de 2007)– para, em suas próprias palavras, “ganhar um pouco mais de suavidade”.

“O cantar para fora, o volume da voz, eu conquistei. Eu sou assim, teatral. Mas, em 2009, recebi um convite da Orquestra Jazz Sinfônica para cantar Edith Piaf, e depois decidi fazer shows em homenagem a Elizeth Cardoso. Esses desafios me levaram a ampliar a forma de cantar”, explica ela.

“Tem a ver com maturidade. Mas também fui atrás dessa maturidade e passei a estudar com um professor de canto [Felipe Abreu, do Rio].”


“Teve uma autocrítica”, assume ela. “Fazer diferente é sempre um risco, mas não tenho medo de me arriscar.”

Para fazer a produção musical do CD, Fabiana chamou Paulão 7 Cordas, que já dirigiu trabalhos de Zeca Pagodinho, João Nogueira e Cristina Buarque, entre outros.

O resultado é um disco de repertório mais variado que o anterior, em que cantos de exaltação aos orixás e às forças da natureza davam o tom.



Neste, há desde sambas mais tradicionais, como “Lá Fora”, de Elton Medeiros e Delcio Carvalho, até um samba-enredo (“Narainã [Alvorada dos Pássaros]”, da Camisa Verde e Branco), passando pelo samba de roda e pelo samba-canção.

Em “Narainã”, o disco tem a participação do pai de Fabiana, Oswaldo, 67, que foi puxador da Camisa Verde e Branco. “Este disco consolida o meu quintal. Minha primeira referência musical é meu pai cantando os sambas da Camisa”, diz ela.

A cantora já pensa em um novo disco, para ser lançado no exterior. A ideia é usar um repertório da música negra internacional, principalmente africana. “Será minha diáspora africana para o mundo”, diz Fabiana, que não pretende incluir sambas nesse disco.

“O samba é muito aplaudido lá fora, mas não é tão compreendido. Essa música negra de tambor me possibilita uma comunicação pelo corpo também, e a língua deixa de ser uma barreira.”

FABIANA COZZA
ARTISTA Fabiana Cozza
GRAVADORA independente
QUANTO R$ 25, em média
SHOW hoje e amanhã, às 21h; dom., às 18h, no Sesc Vila Mariana (rua Pelotas, 141; tel. 0/xx/11/ 5080-3000; R$ 32)

Fonte: Folha.com





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